Um cântico ao Senhor em terra estranha

VERSO PARA MEMORIZAR:
“Mas como poderíamos entoar um cântico ao Senhor em terra estranha?” (Salmo 137:4).

Leituras da semana:
Salmos 79:5-13; 88:3-12; 69:1-3; 22:1; 77; 73:1-20; 1Pedro 1:17.
Não precisamos aprofundar muito no Livro de Salmos para descobrir que os Salmos são proferidos em um mundo imperfeito, marcado pelo pecado, mal, sofrimento e morte.

A criação estável governada pelo Senhor Soberano e Suas leis justas é constantemente ameaçada pelo mal. À medida que o pecado corrompe o mundo cada vez mais, a terra torna-se cada vez mais "uma terra estranha" para o povo de Deus. Essa realidade cria um problema para o salmista: como viver uma vida de fé em uma terra estranha?

Como já vimos, os salmistas reconhecem o domínio soberano e o poder de Deus, bem como Seus julgamentos justos. Eles sabem que Deus é o refúgio e ajuda eterna e infalível em tempos de dificuldade. Por esse motivo, os salmistas, às vezes, ficam perplexos (quem não ficaria?) com a aparente ausência de Deus e o florescimento do mal diante do Senhor bom e Soberano. A natureza paradoxal dos Salmos como orações é demonstrada nas respostas dos salmistas ao silêncio aparente de Deus. Em outras palavras, os salmistas respondem à percepção da ausência de Deus, bem como à Sua presença.

* Estude a lição desta semana para se preparar para o Sábado, 03 de Fevereiro.

Desistindo de Deus: Parte 1

Com cinco anos, Sekule ficava assustado com os avisos da avó sobre o inferno. "Você deve ser bom", dizia a avó. "Se não for bom, vai acabar no inferno."

"O que você quer dizer com 'acabar no inferno'?" perguntou o menino.

"Você vai acabar nas chamas eternas se mentir ou roubar", ela disse. "Vai sentir as chamas por toda a eternidade."

As palavras da avó acenderam um grande medo no coração do menino. Ele estava confuso. Por um lado, ela dizia que Deus é amor. Por outro, ela dizia que se Sekule mentisse, acabaria no inferno. Sekule tinha medo porque não conseguia deixar de mentir às vezes.

O menino não sabia o que fazer. Não podia recorrer aos pais. Eles não eram cristãos na então comunista Montenegro. A avó era a única cristã que ele conhecia em sua aldeia.

Um dia, quando ninguém estava olhando, ele se escondeu atrás de uma moita e repreendeu Deus. "Não sei por que as pessoas dizem que você é amor", ele disse. "Você não é amor, mas um monstro. Por que você me criou para acabar nas chamas? Suponho que devo ser fiel e não mentir e não fazer coisas ruins? Não posso acreditar em você, e não vou acreditar em você. Você é um monstro."

Sekule havia desistido de Deus. Ele tinha apenas 5 anos e não tinha interesse em Deus.

Nove anos depois, aos 14 anos, Sekule foi enviado para um internato em Sarajevo, capital da Bósnia e Herzegovina. Entre os 700 meninos da escola, ele era o único de Montenegro. Sentindo que enfrentava uma batalha difícil como forasteiro, ele recorreu à luta para ganhar aceitação de seus colegas. Ele brigava quase todos os dias. Se alguém sequer tocasse uma de suas orelhas - e elas eram uma tentação para tocar porque se destacavam como alças de xícara - ele atacava ferozmente.

Uma briga o deixou com uma cicatriz de faca na mão. Sekule também era um valentão.

Quando um menino mais novo recebeu um pacote de comida de casa, Sekule o pendurou do lado de fora de uma janela do dormitório pelos tornozelos até que entregasse o pacote.

Depois de três anos de brigas, cresceu em Sekule o desejo de conhecer a verdade. Ele se perguntava se a avó tinha lhe dito a verdade sobre Deus. Mas o que era a verdade? Sarajevo tinha várias religiões principais: Islamismo, Ortodoxia, Catolicismo e Judaísmo. Sekule se perguntava, Se Deus é Um, por que existem tantas religiões? Ele decidiu se familiarizar com todas as religiões para encontrar a verdade.

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Os dias do mal

Leia os Salmos 74:18-22; 79:5-13. O que está em jogo nesses textos?

O salmista procura compreender a grande controvérsia entre Deus e os poderes do mal, apontando para a insondável tolerância divina, bem como para Sua infinita sabedoria e poder.

O problema do mal nos Salmos é principalmente teológico, envolvendo inevitavelmente perguntas sobre Deus. Assim, a destruição de Jerusalém e do templo é vista principalmente como um escândalo divino, pois proporcionou uma oportunidade para os pagãos blasfemarem contra Deus. A herança de Deus (o povo de Israel) é o sinal de Sua eleição divina e aliança (Deuteronômio 4:32–38; Deuteronômio 32:8, 9) que nunca falhará. O conceito da herança de Deus também contém uma dimensão de fim dos tempos, pois um dia todas as nações se tornarão herança de Deus e O servirão. A ideia de que as nações invadiram a herança de Deus ameaça essas promessas divinas.

Sem dúvida, o salmista reconhece que os pecados do povo corromperam o relacionamento de aliança do povo com Deus e trouxeram sobre eles todas as consequências (Salmo 79:8, 9). A sobrevivência do povo depende exclusivamente da intervenção graciosa de Deus e da restauração do vínculo de aliança por meio da expiação do pecado. O Senhor é o "Deus da nossa salvação", transmitindo a fidelidade de Deus às Suas promessas de aliança (Salmo 79:9).

No entanto, mais importante do que a restauração da sorte de Israel é a defesa do caráter de Deus no mundo (Salmo 79:9). Se as ações malignas das nações ficarem impunes, parecerá que Deus perdeu Seu poder (Salmo 74:18–23, Salmo 83:16–18, Salmo 106:47). Somente quando Deus salvar Seu povo Seu nome será justificado e exaltado.

Assim como hoje, o mesmo princípio existia naquela época. Nossos pecados, nossa apostasia, nossos males, podem desacreditar não apenas a nós mesmos, mas, pior, ao Deus cujo nome professamos. Nossas ações erradas podem ter efeitos espirituais prejudiciais em nosso testemunho e missão. Quantas pessoas foram afastadas de nossa fé pelas ações daqueles que professam o nome de Cristo?

“A hora de Deus, a honra de Cristo, está envolvida no aperfeiçoamento do caráter de Seu povo” (Ellen G. White, O desejado de Todas as Nações). Como você entende essa importante verdade, e o que ela significa em Sua vida cristã?

Á beira da morte

Leia os Salmos 41:1-4; 88:3-12; 102:3-5, 11, 24. Que experiências esses textos descrevem? Você já passou por situação semelhantes?

Essas orações por salvação de doenças e morte demonstram que os filhos de Deus não estão isentos dos sofrimentos deste mundo. Os Salmos revelam os terríveis sofrimentos do salmista. Ele está sem forças, murchar como a grama, incapaz de comer, separado dos vivos, deitado como morto na sepultura, repulsivo para seus amigos, sofrendo e desesperado. Seus ossos se agarram à sua pele.

Muitos salmos assumem que o Senhor permitiu o problema por causa da desobediência de Israel. O salmista reconhece que o pecado pode trazer doença; portanto, ele se refere ao perdão que vem antes da cura (Salmo 41:3, 4). No entanto, alguns salmos, como o Salmo 88 e o Salmo 102, reconhecem que o sofrimento inocente do povo de Deus é um fato da vida, por mais difícil que seja entender.

No Salmo 88, Deus é acusado de levar o salmista à beira da morte (Salmo 88:6–8). Observe, no entanto, que mesmo quando as queixas mais ousadas são expressas, o lamento é claramente um ato de fé, pois se o Senhor, em Sua soberania, permitiu o problema, Ele pode restaurar o bem-estar de Seu filho.

No limiar do túmulo, o salmista lembra das maravilhas, bondade amorosa, fidelidade e retidão de Deus (Salmo 88:10–12). Apesar de seu sentimento de ser atingido por Deus, o salmista se agarra a Deus. Embora sofra, ele não nega o amor de Deus e sabe que Deus é sua única salvação. Esses apelos mostram que o salmista conhece não apenas o sofrimento, mas também tem um conhecimento íntimo da graça de Deus e que os dois não necessariamente se excluem.

Em resumo, tanto a permissão de Deus para o sofrimento quanto Sua libertação são demonstrações de Sua soberania final. Saber que Deus está no controle inspira esperança. Quando lemos o Salmo 88 à luz do sofrimento de Cristo, ficamos maravilhados com a profundidade de Seu amor, no qual Ele estava disposto a atravessar a porta da morte em prol da humanidade.

Pense em Jesus na cruz e no que Ele sofreu por causa do pecado. Deus em Cristo sofreu ainda mais do que nós. Isso nos ajuda a manter a fé em meio aos sofrimentos?

Onde está Deus?

Leia os Salmos 42:1-3; 63:1; 69:1-3; 102:1-7. O que causa grande dor ao salmista?

Não apenas os sofrimentos pessoais e coletivos perturbam o salmista, mas também, se não mais, a aparente falta de atenção de Deus para as dificuldades de Seus servos. A ausência de Deus é sentida como uma sede intensa em uma terra seca (Salmo 42:1–3, Salmo 63:1) e angústia mortal (Salmo 102:2–4). O salmista sente-se afastado de Deus e se compara a aves solitárias. "Sou como um pelicano no deserto; sou como uma coruja no deserto. Passo as noites acordado e sou como um pardal solitário no telhado" (Salmo 102:6, 7).

A menção ao deserto destaca a sensação de isolamento de Deus. Uma ave "sozinha em cima de um telhado" está fora de seu ninho, seu lugar de descanso. O salmista clama a Deus "das profundezas", como se estivesse sendo engolido por águas poderosas e afundando em um "lamaçal profundo" (Salmo 69:1–3, Salmo 130:1). Essas imagens retratam uma situação opressora da qual não há escape, exceto por intervenção divina.

Como o salmista reage á aparente ausência de Deus? Salmos 10:12; 22:1; 27:9; 39:12.

É notável que os salmistas resolvem não ficar em silêncio diante do silêncio de Deus. Os salmistas acreditam firmemente na oração porque a oração é direcionada ao Deus vivo e gracioso. Deus ainda está lá, mesmo quando aparentemente está ausente. Ele ainda é o mesmo Deus que os ouviu no passado, e, portanto, eles têm confiança de que Ele os ouve agora.

As ocasiões de silêncio de Deus levam os salmistas a se examinarem e a buscar a Deus, mas com confissão e súplicas humildes. Eles sabem que Deus não permanecerá em silêncio para sempre. Os Salmos demonstram que a comunicação com Deus deve continuar, independentemente das circunstâncias da vida.

O que aprendemos com as reações do salmista á aparente ausência de Deus? Como você reage quando Deus parece estar em silêncio? O que sustenta sua fé?

Falhou a Sua promessa para sempre?

Leia o Salmo 77. O que o autor estava enfrentando?

O Salmo 77 começa com um pedido de ajuda, cheio de lamentação e dolorosa lembrança do passado (Salmo 77:1–6). Todo o ser do salmista está voltado para Deus em luto. Ele se recusa a ser consolado por qualquer alívio que não venha de Deus.

No entanto, lembrar de Deus parece intensificar sua angústia. "Quando me lembro de Deus, gemo" (Salmo 77:3). A palavra hebraica "hamah", que significa "gemer", muitas vezes retrata o rugido de águas agitadas (Salmo 46:3). Da mesma forma, todo o ser do salmista está em um estado de intensa inquietação.

Como lembrar de Deus pode causar sentimentos tão fortes de angústia? Uma série de perguntas perturbadoras revela a causa de sua angústia (Salmo 77:7–9): Deus mudou? Deus pode trair Sua aliança?

A forte contradição entre os atos salvadores de Deus no passado e Sua aparente ausência no presente faz o salmista sentir-se abandonado por Deus. Se Deus mudou, então o salmista não tem esperança, uma conclusão que ele luta para rejeitar.

Enquanto isso, o salmista não consegue dormir porque o Senhor o mantém acordado (Salmo 77:4). Isso lembra outros personagens bíblicos cuja insônia foi usada providencialmente por Deus para avançar Seus propósitos (Gênesis 41:1−8, Ester 6:1, Daniel 2:1−3). A longa noite sem dormir faz o salmista considerar os atos passados de livramento do Senhor, mas com nova determinação (Salmo 77:5, 10).

A garantia que o salmista recebe de Deus não consiste em explicações sobre sua situação pessoal, mas sim em uma confirmação da fidelidade e confiabilidade de Deus (como no caso de Jó). O salmista é encorajado a esperar no Senhor em fé, sabendo que Ele é o mesmo Deus que realizou milagres no passado de Israel (Salmo 77:11–18).

O salmista também percebe que "Teus passos não eram conhecidos" (Salmo 77:19), reconhecendo a orientação de Deus, mesmo em situações em que Sua presença não é óbvia aos olhos humanos. O salmista reconhece que Deus é simultaneamente revelado e oculto, e assim, ele oferece louvor aos caminhos misteriosos e soberanos do Senhor.

Pense em tempos passados em que o Senhor trabalhou em sua vida. Como isso pode ajudá-lo a lidar com as lutas do presente?

Para que os justos não sejam tentados

Leia os Salmos 37:1, 8; 49:5-7; 94:3-7; 125:3. Que luta o salmista enfrentava?

Estes salmos lamentam a prosperidade atual dos ímpios e o desafio que esse fato representa para os justos. Os ímpios não apenas prosperam, mas às vezes também desprezam abertamente Deus e oprimem outros. A questão intrigante é que enquanto "o cetro da maldade" (Salmo 125:3) domina o mundo, o "cetro da justiça" (Salmo 45:6) parece estar falhando. Por que, então, não desistir e abraçar o mal como fazem outros?

Leia Salmo 73:1-20, 27. O que leva o salmista a atravessar a crise? Qual é o fim dos que confiam em coisas fúteis? (Ver também 1Pedro 1:17)

Enquanto o salmista no Salmo 73 permaneceu focado na iniquidade presente no mundo, ele não conseguiu ver o quadro geral do ponto de vista de Deus. O problema que a prosperidade do mal representava para a sua fé era avassalador; ele acreditava também que seu argumento sobre a inutilidade da fé estava baseado na realidade.

No entanto, o Salmo 73 mostra que "essas coisas zombam daqueles que ignoram o primeiro versículo deste salmo, que é o resumo de todo o salmo: 'Quão bom é o Deus de Israel para aqueles que têm o coração reto!'" — Johannes Bugenhagen, Reformation Commentary on Scripture (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2018), p. 11.

O salmista é conduzido ao santuário, o lugar do governo soberano de Deus, e foi lembrado lá que "hoje" é apenas uma peça do mosaico, e ele deveria considerar o "fim", quando os ímpios enfrentarão o juízo de Deus. O fato de o salmista entender essa verdade no santuário e confessar sua tolice anterior mostra que a realidade só pode ser compreendida por uma visão espiritual e não pela lógica humana.

Como a promessa do juízo divino sobre o mundo, e sobre todo o seu mal, nos conforta ao vermos tanto mal impune?

Estudo Adicional:

Leia o Salmo 56; Caminho a Cristo, p. 115–127 ("Alegria no Senhor").

Assim como os salmistas, o povo de Deus em todos os tempos se pergunta de vez em quando como cantar os cânticos do Senhor em "uma terra estranha". Nossa fé no governo soberano do Senhor é desafiada, às vezes severamente, e podemos questionar se Deus está no controle ou verdadeiramente tão poderoso e bom quanto as Escrituras afirmam.

Às vezes, a incerteza e o suspense, especialmente diante do mal e da aparente ausência de Deus, podem ser quase insuportáveis. No entanto, a incerteza nunca deve ser sobre Deus ou sobre Seu caráter amoroso, justo e confiável. Os salmistas podem estar incertos sobre o futuro, mas frequentemente apelam para o amor infalível e a fidelidade de Deus (Salmo 36:5–10; Salmo 89:2, 8).

Da mesma forma, devemos seguir o mesmo exemplo. “Reúna todas as suas forças para olhar para cima, não para baixo para seus problemas; então você nunca desmaiará pelo caminho. Você logo verá Jesus por trás da nuvem, estendendo Sua mão para ajudá-lo; e tudo o que você precisa fazer é dar a Ele sua mão em fé simples e deixá-Lo liderar você. À medida que você se torna confiante, você se tornará, pela fé em Jesus, esperançoso.” — Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, CPB, 2021 vol. 5, p 495.

Os momentos em que Deus "esconde Seu rosto" não minam a eficácia da oração. Pelo contrário, essas ocasiões fazem com que os salmistas se examinem, recordem os atos salvadores passados de Deus e busquem a Deus com confissão e humildes petições (Salmo 77:10–12, Salmo 89:46–52). “A fé se fortalece ao entrar em conflito com dúvidas e influências opostas. A experiência ganha nessas provações tem mais valor do que as joias mais caras.” — Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 3, p. 463.

Questões para discussão:

 Que tensões experimentaram os salmistas diante do mal? Enfrentamos tensões semelhantes? Como mantemos a fé nesses momentos?

 Onde procurar respostas quando a fé em Deus é testada por provações ou por pessoas cujos sofrimentos as levam a questionar a bondade e o poder de Deus?

 Como explicar o mal em um mundo criado e sustentado por um Deus todo-poderoso e amoroso? O tema do grande conflito ajuda a responder a esse questionamento?